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Entre agosto/2008 e outubro/2008 trabalhei como redator responsável pelo canal shows SP do site de entretenimento Guia da Semana.
Abaixo, seleção de matérias deste período.
1 – Vida longa ao astro
Imitado por alguns, criticado por outros e idolatrado por muitos. Michael Jackson chega aos 50 anos
Por Caio Bruno (29/08/2008)
Milhões de discos vendidos, 44 anos de carreira, uma fortuna invejável e o título exclusivo de Rei do Pop. Nesta sexta, um dos maiores nomes da música mundial completa 50 anos. Por tudo isso, Michael Jackson é um artista único e excêntrico.
Para comemorar a ilustre data, o Guia da Semana preparou uma matéria com as maiores curiosidades, os feitos e os motivos que levaram MJ a ser um artista inconfundível, para o bem ou para o mal.
750 milhões vendidos; Só Thriller, 110 mi
Quando se fala em Michael Jackson tudo é diferente e exagerado. Em 1982, Jackson deu o verdadeiro “pulo do gato” em sua carreira ao lançar Thriller. O álbum vendeu 110 milhões de cópias, sendo até hoje o disco mais vendido da história. O LP emplacou cinco músicas no topo das paradas britânicas e americanas e rendeu ao astro oito prêmios Billboard, um dos mais importantes da música, além de dois Grammy. Não bastasse deter o recorde do álbum mais vendido da história, Michael ainda é o artista que mais vendeu CDs em todos os tempos: 750 milhões de cópias. O mundo, a partir de Thriller, ganha um rei do pop.
O que aconteceu com o nariz? E a cor?
Quem tem seus 30 anos ou mais irá se lembrar de 1987. Quando Michael Jackson apareceu mais claro na capa de Bad e logo um boato surgiu: O astro negro queria mudar de cor e para isso estaria fazendo tratamento, e diziam, dormindo em bolhas de oxigênio para clarear.
Nada é certeza, mas a versão oficial da história é a de que ele sofre de Vitiligo em estágio avançadíssimo. Por isso, o cantor está cada vez mais esbranquiçado. Quanto ao nariz, é resultado de plástica. Muita plástica. Desde a primeira em 1978, calcula-se que o Rei do Pop tenha feito cerca de 10 intervenções nas narinas. O resultado? Basta compará-lo com suas fotos dos anos 70.
O porquê de sua excentricidade
Todo fã de Michael se pergunta: “Ele tem dinheiro, sucesso e parece não ser feliz. Por que ele só se mete em confusão e faz coisas estranhas?”.
Nunca foi dito nitidamente, nem por Jackson ou nenhum integrante de sua família, mas nas entrelinhas, se sabe que o cantor sofreu muito na infância. Com 6 anos, o pai já o obrigava a cantar e a ensaiar exaustivamente com seus irmãos no Jackson Five. Se não o fizesse, apanhava violentamente.
Michael não brincou, não aproveitou a infância, não teve adolescência e talvez aí esteja o xis da questão e a explicação para suas atitudes bizarras na vida adulta. Como comprar uma mansão e a chamar de Neverland (nome da cidade do Peterpan no desenho), fazer seus filhos usarem fantasias, máscaras, se casar escondido e ter, digamos, muita proximidade com crianças.
É o rei do pop
Michael Jackson não lança disco há 8 anos, não faz mais shows e só aparece na mídia ultimamente por suas bizarrices. Mas é só dar uma saída pelas baladas da cidade, ou acompanhar os últimos lançamentos musicais que veremos que o título de Rei do Pop continua sendo dele. Na noite, em baladas freqüentadas por pessoas que, quando ele estava no auge, mal eram nascidas, vira e mexe rola algum clássico do ídolo na pista e o pessoal vai ao delírio.
Artistas da black music e do pop como Rihanna e Justin Timberlake assumem inspiração e idolatria no astro. É por essas e outras, que o recém-cinquentão ainda é o Rei do Pop.
Discografia
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Got To Be There (1971)
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Ben (1972)
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Music and Me (1973)
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Forever, Michael (1975)
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Off The Wall (1979)
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One Day in your Life (1981)
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Thriller (1982)
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Farewell my Summer Love (1984)
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Bad (1987)
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Dangerous (1991)
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Invincible (2001)
2 – Tá na agulha?
Depois de um período no ostracismo o velho LP volta com tudo
Por Caio Bruno (setembro/2008)
Quando surgiu na década de 50 nos EUA, o Long Play (LP) foi uma revolução tecnológica. Enfim, aposentamos os velhos, pesados e pouco práticos discos de 78 RPM. Ao invés de uma música por lado, poderíamos ouvir seis, sete, num total de 14 músicas por disco. Fora o som, que era bem melhor que dos antigos discos. Com isso acabaram-se os 78 rotações e sobraram uns poucos hoje em dia para contar história.
Depois de anos de um império absoluto no mundo da música, tendo como companhia apenas a inofensiva fita cassete, o LP se viu diante da mesma evolução tecnológica pela qual despachou o finado 78 RPM. No final da década de 1980, o mundo estava maravilhado com a tecnologia digital do Compact Disc (CD). Um pequeno disco, com um lado só e com qualidade de som muito melhor que a dos “bolachões”, afinal, não se utilizava agulha e nem qualquer meio mecânico. O puro e límpido som vinha de um leitor digital. Foi decretado o fim do vinil. Aparelhos deixaram de ser fabricados e quem ainda os tinha era taxado de obsoleto.
Mas ele não morreu
Passados quase 20 anos de sua “morte”, do reino do CD e de outras mídias digitais, o vinil continua mais vivo e cultuado que nunca. Jovens, adultos, DJS e ouvintes comuns, a cada dia que passa compram mais LPs e aparelhos. Até o início da década, os discos só eram comercializados em sebos especializados. Os álbuns usados são encontrados nestes locais por preços que variam desde R$ 1,00 a até R$ 1 mil. “A maioria dos compradores são colecionadores entre 35 e 60 anos, compram rock, MPB e bossa nova.”, diz Cleberson Aquino, do Sebo do Messias, que conta com um acervo de centenas de discos e é um dos maiores de São Paulo.
O culto ao vinil chega ao ponto de algumas pessoas pagarem quantias exorbitantes por um. É o caso do álbum Louco Por Você (1961), o primeiro e renegado LP do Rei Roberto Carlos. Como foram feitas poucas cópias e nunca se produziu reedições, os poucos exemplares do disco são disputados em leilões virtuais com o valor mínimo de R$ 3 mil.
Lembra das discotecas? Elas voltaram
Ao ler o subtítulo acima pode se pensar que estamos falando das Dischotéques, que eram as danceterias que tocavam Disco Music nos anos 70. Mas na mesma época e até antes, as lojas que vendiam discos eram conhecidas pela alcunha de discotecas. E mesmo que timidamente e elitizados, podemos ver alguns estabelecimentos que vendem LPs. Principalmente nas grandes cidades. É o caso da Livraria Cultura em São Paulo, que vende vinil desde 2006, e cada vez mais: “Até agora, já vendemos mais discos em 2008 do que em 2007 inteiro.”, diz Thaís Arruda, assessora de imprensa da livraria.
A loja trabalha atualmente com mais de 600 títulos de LPs vindos de mais de 80 selos americanos e europeus. Entre a lista dos mais vendidos, estão clássicos absolutos da música como Abbey Road (Beatles) e Dark Side Of The Moon (Pink Floyd) e também novidades como Back To Black (Amy Winehouse) e In Rainbows (Radiohead).
Vale lembrar que na Europa e nos Estados Unidos, o hábito de se ouvir em vinil nunca foi abolido, como no Brasil, por isso muitos artistas desses locais lançam até hoje álbuns em CD e também em LP.
E no Brasil…
Na terra do samba, do futebol e da pirataria desenfreada de CDs, alguns artistas também lançam seus álbuns em vinil. É o caso de Lenine. O recém-lançado álbum do cantor, Labiata, foi prensado com cópias em vinil.
Em entrevista para o Guia da Semana o músico argumentou sua escolha pelo formato: “O vinil é um pouco diferente, pois por ser descendente direto do universo analógico e ser sua mais completa tradução, foi o que melhor se produziu para reprodução de áudio. O contato da agulha no sulco é insubstituível, portanto, a meu ver, é o formato mais refinado e fiel ao som”.
Lenine acredita que, com o passar do tempo, o vinil retornará a seu status de antigamente. “O que era peça de museu vai ser o veículo dos colecionadores.” Afirma o músico.
Som na caixa e dinheiro no bolso
O vinil está aí, mas não popular como antes. Se você é fã do LP, gosta de sentir o chiado e adora ouvir o lado A e o lado B, saiba que um toca discos novo, completo, sai entre R$ 500,00 e R$ 1.500,00. Esse preço se deve ao fato dos aparelhos serem importados. Se você acha o preço do CD caro, irá se espantar com o valor dos novos álbuns, na faixa de R$ 80,00 a R$ 100,00, também devido à importação. Já que o Brasil não produz vinil desde o fechamento de sua única fábrica sobrevivente, a PolySom, no início do ano.
Portanto, o “bolachão” está de volta. Com nova roupagem, mais elitizado e badalado. Logo, voltaremos a ouvir uma gíria comum há algumas décadas, quando se colocava uma música pra se ouvir na vitrola: “Tá na agulha?”